terça-feira, 5 de junho de 2012

Avaliação cardiovascular antes de atividade física

Segue na íntegra, o texto escrito pela Dra. Solange Bernades Tatani, médica doutora cardiologista da Unifesp e do laboratório Fleury.
Muito obrigado pela colaboração!





Morte súbita durante atividade física é sempre trágica e tem grande impacto na comunidade. O Comitê Olímpico Internacional computou 1101 mortes súbitas em atletas com menos de 35 anos durante atividade esportiva entre 1966 e 2004, o que representa 29 eventos por ano!! Em todos os casos foram detectadas cardiopatias pré-existentes: genéticas, congênitas, inflamatórias ou degenerativas. A avaliação cardiovascular pré-participação em atividades físicas é largamente difundida com o objetivo de se identificar (ou pelo menos levantar a suspeita) de anormalidades cardiovasculares ocultas, que podem progredir ou levar à morte súbita.
A principal causa de morte súbita em atletas jovens no mundo todo é a miocardiopatia hipertrófica – uma doença genética onde o músculo cardíaco tem a espessura aumentada. Outras causas cardíacas são as anomalias congênitas das coronárias, miocardite (inflamação do músculo cardíaco), rotura da aorta, doenças da parte elétrica do coração e doença aterosclerótica das coronárias. Esta ultima é a de maior importância após os 40 anos e devemos lembrar que em cerca de 30% dos casos, o infarto do miocárdio é a primeira manifestação da doença, o que torna fundamental a avaliação pré-atividade física. Importante lembrar também que existem causas não cardíacas de morte durante a prática de esportes, como a asma brônquica, uso de drogas (como por exemplo, esteroides anabolizantes) e aneurisma cerebral.
O risco de morte súbita independe do nível da atividade física – se amador ou profissional, de modo que para qualquer esporte há necessidade deste screening. Em algumas condições o esporte competitivo pode ser vedado, mas o indivíduo pode ser liberado para atividade física recreativa.

Nesta avaliação pré-atividade física deve ser feita inicialmente uma consulta médica, onde é importante relatar história de morte súbita ou de doenças cardíacas em familiares; e sintomas, que podem indicar alguma anormalidade cardiovascular (como desmaios, cansaço desproporcional aos esforços e dor no peito). No exame físico vai ser pesquisada presença de sopro cardíaco, hipertensão arterial e outros sinais de anormalidades cardíacas. Após isto, exames complementares podem ser solicitados. Nos jovens, os principais exames são o eletrocardiograma e o ecocardiograma (ultrassom do coração). Já nos maiores de 40 anos o principal exame a ser solicitado é o teste ergométrico, uma vez que o principal objetivo nesta faixa etária é descartar doença coronariana obstrutiva. Outros exames podem ser solicitados na dependência dos achados da história e exame físico. A frequência com que esta avaliação vai ser repetida vai depender da história familiar e dos achados dos exames iniciais.

2 comentários:

  1. Bom dia!!!Antes dos 40 anos, um avaliador fisico nao pode fazer o teste ergometrico e liberar o individuo, ha necessidade de ser um medico?

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    1. Olá! Há necessidade de um médico, pois o avaliador físico somente saberá identificar dentro dos protocolos quais seu limiares (aeróbio e anaeróbio), ou seja, quais serão as melhores FC para o treinamento, mas o médico especialista em eletrocardiogramas sabem identificar nos padrões das linhas se há alguma disfunção que o impeça de treinar! Espero ter esclarecido sua dúvida!

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